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Writer's pictureLetícia Kawano-Dourado

Network científico internacional: fundamental para a pesquisa médica

O que uma rede de contatos mais extenso pode fazer por você, mulher na medicina e na ciência


"Network é fundamental", fundamental. É possivel que vocês já tenham experimentado isso na pele. Estar bem relacionado permite que um mesmo esforço frutifique em dobro, triplo ou mais.





O esforço não é dissociado do seu contexto e, assim sendo, um contexto mais favorável gera resultados inevitavelmente melhores

No video abaixo, Daniel Dourado e eu conversamos sobre a importância do meio, das condições dadas (dentre elas o network) como fatores que aceleram (ou permitem) a aquisição de bons resultados.




Mas vamos para aspectos práticos, como amplificar o network internacional? Aqui vão algumas medidas que tomei que fizeram a diferença para mim, compartilhando:


1. Inglês fluente. E eu estou falando do inglês conversação fluente, não apenas leitura em inglês. Por ora, o inglês é a língua da comunidade científica. Se o objetivo é network então é preciso ter conforto em engajar numa conversa e participar dela ativamente (para mostrar quem você é). Lembrem que o network acontece fora das conferências e congressos. Acontecem em happy-hours, festas, almoços, então esteja preparado para conversar sobre medicina, pesquisa e outros assuntos.


2. Formação sólida em pesquisa clínica: é preciso "falar a mesma língua científica" dos colegas lá de fora. Todos os que fazem pesquisa de alta performance tem domínio de método científico. Esse aprendizado nos EUA e Europa é sistemático e muitas vezes curricular na formação médica ou na residência médica. Aqui no Brasil precisamos correr atrás desse prejuízo. Um curso que mudou completamente minha forma de ver/entender método científico foi o Principles and Practices of Clinical Research da Harvard. Outro curso muito bom é o Master em Clinical Research da London School e é provável que nessas plataformas online como Coursera, deva haver também cursos em módulos.

Se você começa uma interação profissional sem domínio do universo semântico em pesquisa, você está atestando que não tem familiaridade com método científico formal.


3. Qual o seu valor? Colaborações e parcerias só frutificam se houver o que ambos os lados ganharem. Tenha claro o que você busca e o que você tem a oferecer. Já adianto que "ter muitos pacientes catalogados numa planilha de excel" não é o suficiente por que é preciso mostrar capacidade de transformar dado bruto em informação (vide item 2 acima). Então tenha claro qual o valor que você traz para a mesa de negociação de colaborações internacionais. Isso inclusive vai te dar mais segurança na hora de se conectar com colegas mundo a fora.


4. Engajamento em plataformas sociais eletrônicas: um facilitador. Se você já se faz conhecer no seu ambiente profissional internacional via mídias sociais, no encontro ao vivo fica tudo facilitado. A interação via mídia social faz com que o encontro pessoal tenha a sensação de familiaridade entre as partes, facilitando conexões. Na medicina a melhor plataforma digital para isso é o Twitter. Lá estão a maioria dos médicos e pesquisadores influentes dos EUA e Reino Unido e menor proporção Europa. Comente posts, engaje-se em discussões, poste artigos que leu, enfim faça-se conhecer.





5. Auto-confiança para chegar em eventos sem conhecer ninguém e se apresentar, falar a que veio, o que pretende. Algumas dicas, sonde com antecedência com quem você quer falar, o que essa pessoa está atualmente pesquisando, fazendo: ótimo assunto para puxar papo, não? Caso seja conveniente pode até mandar um email com antecedência avisando que vai estar no evento X e gostaria de encontrar para discutir isso ou aquilo. Se o email não for respondido, não se iniba, envie um follow-up! E lembre-se a ultima coisa que uma ausência de resposta significa é que voce "não tem valor". Caso o aspecto emocional da vergonha, timidez seja o que pegue mais, sugiro o livro da Brené Brown: "A Coragem de ser Imperfeito" (na verdade todo o trabalho da Brené vale a pena de ser lido, ela é uma socióloga que estuda vergonha, vulnerabilidade - sensacional)




Declaração de conflitos de interesse: nenhum


As opiniões aqui veiculadas representam minha posição pessoal.


Projeto Respira Evidência por Leticia Kawano Dourado




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