Série de posts sobre os bastidores da pesquisa clínica profissional
Tenho recebido pedidos de fazer posts sobre como funciona a pesquisa clínica profissional - no modelo business - como por exemplo o modelo que temos no Instituto de Pesquisa do Hospital do Coração (IP-HCor).
Segue então essa série de posts onde irei trazer para vocês a experiência de colegas que trabalham com pesquisa clínica, em diferentes frentes de trabalho, para compor o cenário da pesquisa clínica profissional. Somos um time. Pesquisa clínica de grande porte não se faz sozinho, e vocês vão entender porque nessa série de posts: é humanamente impossível garantir esse nível de qualidade sozinho, sem verba, sem time.
Espero que gostem! Nesse primeiro post teremos a querida e competente Eliana Santucci, falando sobre gerenciamento de dados, ela que é a coordenadora da equipe de dados no IP-HCor.
A partir de agora, com a palavra, Eliana!
Sobre mim: Me chamo Eliana Vieira Santucci, sou formada em fisioterapia pelo Centro Universitário São Camilo (2007) com especialização em Fisioterapia Cardiorrespiratória pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (2009) e formação em Pesquisa Clinica pela INVIATARE (2009). Em 2008, enquanto estava no Dante Pazzanese, tive a oportunidade de conhecer o Instituto de Pesquisa do Hospital do Coração (IP-HCor), aquele que seria o primeiro contato com o mundo da pesquisa. Foi paixão a primeira vista e, de uma visita técnica, fiquei até hoje, ocupando atualmente a função de coordenadora de gerenciamento de dados, graças a diversas oportunidades dadas pelo IP-HCor de crescer na carreira, e por terem acreditado no potencial bem no inicio.
Porque fazer pesquisa? Trabalhar com pesquisa é sempre um desafio, é interessante e nunca cai na rotina. Cada estudo é diferente do outro, cada barreira ou dificuldade encontrada nos oferecem aprendizados e com isso vamos evoluindo profissionalmente, além de ampliar nossa rede de colaboração. E o principal, saber que o resultado de seu trabalho vai ajudar disseminar no mundo cientifico novas atualizações otimizando tratamentos, beneficiando assim a população.
O que se faz no gerenciamento de dados? O gerenciamento de dados na pesquisa visa garantir a qualidade dos dados coletados para análise, identificar desvios e violações de protocolo e avaliar e preparar os dados para notificações e publicações. Mas este trabalho começa muito antes do início das inclusões de dados. O profissional de gerenciamento de dados auxilia a equipe na definição de pontos fundamentais no momento de escrever o protocolo, busca quais são melhores opções de sistema eletrônico de coleta de dados disponíveis e que atendam as necessidades do estudo e busca artigos publicados que sejam referencia na área para identificar como os dados são apresentados para então desenvolver a ficha clinica, mais conhecida como Case Report Form (CRF) e o sistema de coleta de dados.
Um planejamento se faz necessário para levantar todas as checagens que serão feitas no que diz respeito às inconsistências e aos dados faltantes (missing values). Com este plano, fica mais fácil fazer a limpeza dos dados. A frequência e a forma de cobrança variam de acordo com o estudo e o centro participante para garantir que o objetivo final seja atingido apesar de todas as diversidades encontradas (sejam elas de complexidade, tamanho de equipe, disponibilidade dos dados, etc).
Podem ser enviados também, relatórios de audit feedback, que auxiliam o centro participante a identificar e acompanhar alguns indicadores de desempenho. Dessa forma, ao final do estudo, os dados estão prontos e com qualidade para serem analisados pelo estatístico, sem que haja nenhuma surpresa, e mas isso é assunto para outro post.
Declaração de conflitos de interesse: nenhum
As opiniões aqui veiculadas representam a opinião de Leticia Kawano Dourado e Eliana Santucci
Projeto Respira Evidência por Leticia Kawano Dourado
Muito interessante o texto. Estou tentando ingressar na pesquisa clínica e conhecer as diferentes áreas que compõe este universo são de grande valia. Parabéns pela iniciativa.