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  • Writer's pictureLetícia Kawano-Dourado

Risco de infecções sérias associado a estresse emocional

Estudo populacional de caso-controle mostra associação entre sepse, endocardite, meningite e descompensações emocionais





149 mil pacientes com transtornos associados a estresse (transtorno de estresse pós-traumático, reação de estresse agudo, transtorno de ajustamento e outras reações de estresse) foram comparados a 184 mil indivíduos que eram irmãos de um dos casos e a 1.5 milhões de indivíduos pareados sem o diagnóstico em questão, provenientes da população geral.


Fluxograma de entrada dos casos e controles

Após controle de covariaveis (vide legenda da figura para detalhes), observou-se um risco (Hazard ratio) de 1.47 (95% CI 1.37 a 1.58) para qualquer transtorno de estresse. HR de 1.92 (1.46 to 2.52) para transtorno de estresse pós-traumático; HR de 1.43 (1.29 to 1.58) para reações agudas de estresse, e HR 1.48 (1.33 to 1.64) para transtorno de ajustamento.

Transtornos de estresse foram relacionados com todas as infecções graves estudadas nesse estudo (sepse, endocardite, meningite), com HRs variando de 1.39 (1.16 to 1.65) para morte por infecções fora do sistema nervoso central e HR de 1.63 (1.23 to 2.16) para meningite.


Chama a atenção as estimativas ponto todas desviadas para direita! Mostrando Hazard associado. Covariaveis ajustadas: *Cox models were stratified by family identifiers and adjusted for sex, birth year, education level, family income, marital status, and history of severe somatic diseases, other psychiatric disorder, and inpatient visit for infectious diseases. †Cox models were stratified by matching identifiers (sex, birth year, and county of birth) and adjusted for education level; family income; marital status; history of severe somatic diseases, other psychiatric disorder, and inpatient visit for infectious diseases; and family history of major life threatening infections.

Baseado na análise onde a comparação foi feita com irmãos e na análise populacional, as associações não diferiram por sexo, tempo (calendário) ou por tipo de infecção grave. As associações foram particularmente fortes para indivíduos que não tinham diagnósticos de doenças somáticas (não psiquiátricas).


Interessante também a observação dos autores de que entre indivíduos com transtorno associado ao estresse após Julho de 2005, o uso de inibidores de recaptação de serotonina (paroxetina, fluoxetina, sertralina etc) reduziu o risco de infecções.

Minha opinião: Estudo observacional de caso-controle tentando provar causalidade entre estresse emocional e susceptibilidade a infecções graves. Quando um estudo de associação (observacional) tem força de causalidade? Quando preenche os seguintes critérios:

1. Método robusto (validade interna e amostra populacional grande para reduzir ruídos, que é o caso)

2. Os achados tem plausibilidade biológica: o que acontece aqui, pois estudos anteriores mostram desregulação imune associada ao estresse.

3. Os achados se reproduzem em outros estudos observacionais/experimentais, e aqui.

Entendo pela revisão do tema que estamos diante de uma associação significativa e com demonstrada plausibilidade biológica.


Agregando aqui a minha experiência pessoal (nível relato de caso de evidência rs) é que com a meditação regular e a prática de exercícios para expansão de bondade amorosa eu passei a adoecer bem menos de infecções de vias aéreas superiores - que era algo comum para mim. Também interessante de observar que os anti-depressivos (inibidores de recaptação de serotonina) reduziram o risco de infecção - dado adicional a favor da causalidade.


Declaração de conflitos de interesse: tenho uma filha pequena, esse projeto é dedicado a ela.


As opiniões aqui veiculadas representam minha posição pessoal.


Projeto Respira Evidência por Leticia Kawano Dourado




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