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  • Writer's pictureLetícia Kawano-Dourado

Equidade de gênero, Justiça e a natureza da Lagostas

O que é justiça e como o movimento civilizatório é em si um movimento anti-natural.


Nesse novo vídeo, continuação do vídeo anterior, discutimos os princípios fundamentais do conceito de Justiça propostos por dois dos principais pensadores atuais no assunto, John Rawls e Amartya Sen.



O sólido background em Humanas permite a Daniel Dourado refletir de forma mais profunda o eu e a coletividade, e é dentro desse contexto que ele comenta sobre o conceitos complexos como Justiça & Liberdade, com base principalmente nas teorias dos professores da Universidade de Harvard, John Rawls e Amartya Sen. John Rawls foi um dos mariores filósofos políticos do século 20 e Amartya Sen, premio Nobel de economia.


A ideia de equidade (EQUITY) traz em si o princípio de justiça e expressa a necessidade de compensação por diferenças no ponto de partida que não são atribuídas a mérito. Se alguém nasce em condições desfavoráveis, seja por questões sociais ou questões relacionadas a preconceitos, medidas equitativas permitem que essa pessoa tenha sua condição de partida e competição niveladas. Essa ação é anti-natural. O natural seria a briga por superioridade independente de uma igualdade de ponto de partida. Comum defensores do "estado natural das coisas" se justificarem com exemplos do mundo animal: "vejam até as lagostas disputam por poder e a mais forte vence"








A argumentação "naturalista" se esquece que a espécie humana só dominou todo o resto do mundo natural e chegou ao topo da cadeia alimentar por sua capacidade de organização social e coletiva. Além disso, praticamente tudo que prolonga bem-estar e sobrevida humanas é anti-natural como por exemplo antibióticos (no nome já explica sua função anti-natural :-), vacinas, higiene, esgotos, depilação, cirurgias, etc etc, para não falar na tão necessária organização social que garante a "paz" de viver em grandes grupamentos.



E por que falamos de equidade de gênero em pleno século 21 no Ocidente? Porque apesar do direito teórico já estar aí para todos, o direito substantivo (prático) ainda não foi implementado. Mulheres podem ser médicas cientistas e, teoricamente, podem ocupar qualquer cargo de chefia ou posição de proeminência Acadêmica ou Societária, no entanto, temos poucas mulheres que alcançam de fato essas posições (Veja também essa referência).


Boa parte disso porque há uma forte contra-corrente subconsciente que atua contra a ascensão profissional das mulheres. PS: vide posts anteriores na sessão Mulheres na Medicina mostrando evidências que suportam essa afirmação. Há uma série de vieses subconscientes e conscientes contra os quais nós mulheres precisamos lidar na ascensão profissional. Dessa forma, se queremos modificar essa situação precisamos de compensações de pontos de partida profissionais (equidade!) para as seguintes situações:


1. Clima: identificar fatores que contribuem para inequidade de gênero dentro do seu departamento, Instituição. Exemplos: Vieses implícitos e vieses já percebidos.

2. Ausência de mulheres em cargos de liderança e em posições Senior.

3. Proporção de retenção de egressos do gênero feminino ("leaky pipeline")

4. Remuneração desigual

5. Representação adequada de mulheres em painéis debatedores e mesas redondas em Congressos e outros eventos científicos #NoMoreMaleOnlyPanels #Manels


O documento produzido por líderes das Divisões de Pneumologia, Terapia Intensiva e Sono nos Estados Unidos e publicado em 2018 propõe uma série de medidas práticas para abordar os vários problemas identificados em relação a inequidade de gênero. Abaixo uma das propostas para abordar o problema de falta de lideranças femininas em cargos de elite:



Segue o link do vídeo onde eu e Daniel Dourado conversamos sobre esse assunto! No próximo vídeo vamos falar de meritocracia e equidade de gênero!

Comentários, dúvidas são bem-vindos e eu falo isso de verdade!!


As opiniões aqui veiculadas representam minha posição pessoal.


Declaração de conflitos de interesse: nenhum


Projeto Respira Evidência por Leticia Kawano Dourado




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